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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Problemas da Criação #07



Uma má escolha de palavras...

Já ficou tão empolgado com uma idéia que alardeou ela para Deus e todo mundo e no final, não era algo tão revolucionário assim?
Muitas vezes isso acontece quando se anunciamos uma história que virá para deixar certa expectativa para quem irá apreciar o trabalho. Isso é uma questão mais para a propaganda (ou marketing como preferir) do que criar uma simples história, você tem que “vender o seu peixe” ou estará fadado a publicar para os fantasmas da sua imaginação.
Mas até que ponto eu posso falar se minhas histórias são boas ou obras primas?
No meu caso, tento ser o mais autentico possível enfatizando o conteúdo, seja comédia, aventura ou drama.
Tento evitar coisas tipo “as histórias mais engraçadas de todos os tempos” ou “uma nova visão dos quadrinhos”. Isto soa um pouco megalomaníaco para mim.
Em Debiloid’s eu esculacho totalmente tudo que é referente a este blog, pois creio que as pessoas compreendam que estou sendo sarcástico e que se interessem pelo humor das histórias. Aposto que se dissesse “as histórias mais engraçadas de todos os tempos” e os leitores vissem uma seqüência de tiras pouco inspiradas, iam me mandar pra pqp e nunca mais voltariam ao blog.
O pior é quando você não tem o controle disso, ou seja, entrega tudo para publicitários que querendo mostrar a que veio exageram na defesa de seu cliente o elevando a um patamar acima do que realmente o é.
E quando você consegue fãs? Muitas vezes eles ajudam em outras atrapalham quando põe o seu alvo de adoração acima de qualquer outra coisa. Por exemplo, você odeia mais Naruto ou odeia os fãs de Naruto ou simplesmente odeia a popularidade em cima de Naruto? Pense nisto.

O que realmente me motivou a escrever este texto foi o anuncio da editora Panini sobre uma grande mudança em seu segmento de quadrinhos de heróis dita como “revolucionária” que na verdade é apenas uma redução de paginas e valores pelas revistas mensais e a criação de títulos mais caros.
Foi obviamente uma péssima escolha de palavras a meu ver, além de colocarem sem necessidade o adjetivo “revolucionário”, fizeram mistério em torno disso como se a editora tivesse grandes concorrentes, já que é a única nesse seguimento no mercado. Nesta semana, no Omelete li a entrevista com o editor Helcio de Carvalho, falando sobre as dificuldades e necessidades da tal mudança.
Sinceramente, me acalentaram um pouco, só não posso dizer o mesmo aos leitores que se sentiram lesados com tudo isso, muitos preferem mudanças reais e mais justas das que foram ditas e o que aconteceu não foi nenhuma revolução, foi um retrocesso decepcionante... Em contra partida, eu compro exatamente os mixes que "baixaram" de valor (1,00 R$ pouco, né?) o que não me afetam muito. Tirando é claro, “Avante Vingadores” que vai ser bimestral e pelo jeito deixarei de comprar.
Outra vantagem pode repousar no conteúdo dos mixes, já que tirarão as historias sem importância.
Nem entrarei no mérito de estar perdendo ou ganhando dinheiro com isso, pois compraria essas revistas de qualquer jeito, a não ser que a distribuição dos mixes fosse bizarra e todas custassem R$15 reais o que não aconteceu, eu seria hipócrita se reclamasse disso.
Mas, mesmo assim, deixou-se um amargo na boca essa tal de “revolução” nem tão revolucionária, fica-se claro que uma oportunidade foi perdida. Apesar de minha condição cômoda, estou preocupado com os demais leitores que ainda estão insatisfeitos.

Lembro quando Watchmen foi filmado e o cartaz do filme referiu o diretor do filme como “visionário” e os fãs desceram a lenha na película, pois, não saiu como esperavam. Além disso, o diretor, não querendo usar um final já conhecido para quem leu a obra, mudou alguns aspectos da história e ainda se referiu a isso como um final mais “elegante”, ofendendo fãs mais exaltados. Arrogância? Pode ser, é o poder da empolgação.



Humildade e honestidade são bons princípios. Antes de dizer qualquer coisa, pare e pense antes de se auto-referir ou quiser mostrar alguma coisa. Pode ser revolucionário para você, mas nem todos são impressionáveis quanto se pensa. Pesquise, ouça outras opiniões.
O público é frio e cruel, não esta nem ai para você, não vão te ajudar ou dar conselhos, apenas te aceitar ou te rejeitar. Eles não aceitam erros porque sofrem com eles.

Pronto! Mais um fabuloso texto do visionário Rogério DeSouza!

OPS! Desculpem... É a empolgação...


Vejam mais sobre o assunto nestes links

Universo HQ entrevista com Helcio Carvalho

Duas matérias opinativas do Melhores do Mundo:

http://www.interney.net/blogs/melhoresdomundo/2010/04/14/consideracoes_sobre_o_informe_publicitar/#more41608://

e

http://www.interney.net/blogs/melhoresdomundo/2010/04/15/omelete_panini_e_as_d/#more41612

terça-feira, 30 de março de 2010

Problemas da Criação #06



O Quadrinho brasileiro parte02

O Super-heroi brasileiro

Por Rogério DeSouza

Voltando ao assunto do quadrinho nacional, aquela discussão que falei, no inicio da coluna anterior, lembram? Pois bem, o tema em pauta era exatamente sobre o “super - herói brasileiro”.
Bom, vou ser suscito neste assunto. Eu acredito em super - heróis brasileiros, assim como acredito em super – herói japonês, Russo, Mexicano, Argentino (Não!! Esse deve ser vilão! Eheheheheh...) etc. O problema reside numa cultura depreciativa que vejo neste ponto:

Enquanto os Americanos acham que estão no melhor país do mundo, os brasileiros acham que estão no pior país do mundo. Nossa cultura supervaloriza nossa posição economicamente inferior diante de países de primeiro mundo.
Um exemplo é o caso de Marcos Cesar Pontes, o astronauta brasileiro. Quantas piadas referentes a isso já não ouvi? A idéia de um “astronauta brasileiro” é tão impensável quanto gato começar a latir, independente de qual seja a missão do cara na estação espacial. Será que podemos mudar este pensamento? Sinceramente, não sei.

Mas falando de super – heróis, o primeiro herói brasileiro ao qual tive contato foi o Capitão 7, quando tinha uns seis/sete (olha só!) anos. Era época de Natal, meu irmão mais velho ganhou uma fantasia de Homem – aranha e meu primo do Capitão America eu queria escolher a minha, foi quando vi na vitrine da loja aquela fantasia toda estilosa com detalhes legais com um escudo escrito “Capitão 7” .

Caramba! Esse sou eu!!

Mas nunca ouvira falar desse heroi antes, mais tarde soube que ele foi criado para um programa de TV infantil dos anos 50 na TV Record, interpretado pelo ator Ayres Campos. Então enchi o saco da minha mãe para me dar aquele uniforme... Puxa! O escudo de plástico do Capitão 7 enfeitou a porta do meu quarto por mais de dez anos.

Como você leu, eu nem sabia que ele era brasileiro e me perguntava o porquê de não vê-lo em bancas ou coisa parecida. Anos mais tarde acabei sabendo mais sobre este personagem e por conseqüência os problemas dos quadrinhos nacionais.
O que seria preciso para um herói brasileiro emplacar? É difícil dizer, isso cai no que falei anteriormente sobre qualidade do material publicado, muitos dos que criam heróis aqui muitas vezes pecam ou no roteiro ou na arte (senão nos dois) afastando os leitores mais exigentes.
Eu proponho algumas alternativas:

Nunca levante bandeiras de maneira agressiva, não jogue na cara de um sujeito, um leitor assíduo de Superman e Cia, que o personagem é brasileiro como se ele fosse obrigado a ler só porque foi feito em sua pátria. Não exagere no patriotismo, deixe o leitor curtir a história.

Tenha idéia de que se você faz um herói no Brasil leve em consideração a ambientação, principalmente se quiser fazer algo “realista” ou próximo disso. Se for assim considere um Brasil alternativo ou coloque a trama num futuro próximo, exponha isso ao leitor.

Não cometa os mesmos erros de fora. Tá certo que pegamos referencia dos quadrinhos americanos, mas também não precisamos desenhar como Rob Lifield ou escrever como Jeff Loeb (atualmente um roteirista muito criticado)...

O personagem não precisa ser um brasileiro ou morar no Brasil, é contraditório, mas o personagem Tex é um Ranger americano e foi criado por uma editora italiana fazendo sucesso por anos. Se você acha que o governo brasileiro não tenha capacidade financeira de construir ciborgues, fazer experiências, genéticas, nucleares, possuir agencias de espionagens ultra-secretas e qualquer outra coisa, ambiente a trama em outro país ou crie um.

Admita suas referencias, se você criou um personagem levemente parecido (não uma cópia) com o Batman, admita isso. Dá menos dor de cabeça com certeza, afinal qualquer vigilante mascarado que você faça vai ser cópia do Zorro assim como qualquer cara que voe e tenha super força tenha algo do Superman. Sátiras são bem vindas nesta questão.

Sei que muitos acreditam que na HQB não há espaço para esse tipo de gênero, tão comum nos quadrinhos o que me faz tanto questionar esta aversão. Creio que temos profissionais capacitados para investir em super-heróis Made in Brazil, basta apenas termos boas histórias e rendimentos.
Enquanto isso, os que ainda acreditam trabalham de forma independente, tentando ganhar seu espaço, fazem seus fanzines ou publicam na web como verdadeiros heróis, solitários, subestimados e até odiados, mas continuam na luta diária, mesmo apanhando pra cacete...

Abaixo coloco o link do blog do artista Lancelot que esta catalogando todos os herois brasileiros de todas as épocas. Uma boa iniciativa.

HQ quadrinhos


Voltaremos ao assunto de quadrinhos nacionais em outro momento. Até.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Problemas da Criação #05


O quadrinho brasileiro parte01
Por Rogério DeSouza

Ha quase um mês, estava zapeando nos sites onde costumo ler noticias e outras bobagens, quando me deparo com uma matéria do site “Melhores do Mundo.net” sobre um suposto plágio de antigos heróis brasileiros por editoras americanas há décadas atrás. A matéria questiona a veracidade da história e de seu autor. O assunto se estendeu nos comentários em seguida causando furor e textos longos. Aquela discussão havia me instigado a pensar sobre o quadrinho nacional.

Como disse nos comentários de lá, creio que o gênero HQB seja todo e qualquer quadrinho que esteja sendo produzido aqui, pois somos tão influenciados externamente seja comics, europeu ou mangá, que é difícil tirarmos uma referencia de nós mesmos. Se considerarmos isso independente do gênero de história nós estamos produzindo HQs nacionais.

Uma questão que sempre me perseguia é por que nosso quadrinho, não emplaca? Ah, sim! Mauricio de Sousa é uma grande exceção neste cenário trágico do quadrinho nacional.

A palavra “trágico” é um pouco alarmista, mas ilustra bem o que esta acontecendo com um gênero que esta se estagnando frente a outras mídias. Relegando algumas revistas a poucos números antes de serem canceladas ou não passando da primeira edição.

Muitos atribuem isso a qualidade dos trabalhos feitos e até certo ponto, concordo com isso, pois o artista independente geralmente é amador. Não basta apenas saber desenhar, fazer um gibi exige saber fazer uma boa diagramação, ortografia nos textos, sempre revisar o trabalho, imprimi-lo, etc. Eu mesmo sofro um pouco pela minha pouca habilidade em montar um gibi de maneira decente.

Outro fator seria a distribuição das revistas. Há editoras grandes que possuem tal aparato, mas não investem ou deixaram de investir em quadrinhos. Enquanto aos pequenos editores têm que se virar. Muitos estão dando um jeitinho para burlar isso, um desses são o pessoal do 4º mundo, que tem ajudado bastante trabalhos independentes.
Também temos a frieza do público brasileiro em relação ao que é produzido em seu país. O motivo seria atribuído ao que eu disse sobre qualidade, as pessoas (em grande parte dos leitores assíduos de quadrinhos) não perdoam amadorismos, como conseqüência se fecha para boas obras independentes. Também ha o ingênuo pensamento de que tudo que vem de fora é melhor. Lembrem-se, nem todos pesam assim, mas esta parcela é pequena.

Falta de incentivo pesa, pois o artista no Brasil, em sua maioria não pode viver deste oficio integralmente. O que poderia ser um trabalho mais profissional acaba se tornando algo próximo de um hobbie, tendo todo seu tempo hábil disponível a outras tarefas e menos tempo para concluir qualquer projeto que vingue.

As grandes editoras tem certa parcela de culpa por seu receio típico de experimentação, em contrapartida não podemos condená-la por isso, pois ela se sustenta basicamente de vendas e se o gibi não vender é prejuízo. Com isso lamentavelmente não dá espaço para inovações.

Algumas editoras menores publicam trabalhos em formato álbum para livrarias. O único seguimento que consegue periodicidade nas bancas são os infantis, especialidade de Mauricio de Sousa, é claro. No entanto a Turma da Mônica é o único que se sustenta no mercado atualmente com regularidade.

Em minha opinião, a solução pode ser:

Criar um meio de distribuição barato e acessível.

Pensar no seu trabalho como um álbum para livrarias e comic shops.

Cooperação entre artistas é importantíssimo no processo, nem que seja apenas para terem um contato no meio.

Criar um mercado, ai é muito difícil. Tudo dependeria de uma massiva campanha de marketing e um trabalho profissional e de qualidade.

A internet, que é um lugar prolixo para artistas que queiram mostrar sua arte (vide o cara que vos escreve!) então é um bom lugar para começar. Scott McCloud autor de “Desvendando os quadrinhos”, profetiza em seus livros que os quadrinhos digitais são o caminho, pois a internet abrange o público global.

Os estudiosos no assunto prevêem que o gibi de banca como mídia rentável acabará em detrimento de vários fatores, se tornando um artigo de luxo para livrarias. O que pode sobrar nesta área é apenas HQs infantis. No momento em que você, jovem artista brasileiro resolver querer fazer quadrinhos, tenha isso em mente, mas não se abata, continue. Talvez você mude este cenário.
Falaremos mais sobre HQ nacional a seguir.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Problemas da Criação #04



Watchmen deve continuar???

Bem, nesses dias encontrei um amigo e falamos de Watchmen. Ele havia alugado o filme e parte do motion comic da obra (Já que o álbum, hoje, custa os olhos da cara!). Daí, ele questionou o porquê o autor da obra, Alan Moore, não querer fazer uma continuação deste trabalho.
Pensei em dizer algo como: Não! É uma obra única! A história não pode ter uma continuidade porque é uma trama que se completa mesmo que aparenta ter ganchos e deixar espaço para especulações, pois é assim que o escritor quer!
Mas me peguei num impasse, eu tenho o habito de criar muitas histórias para meus personagens, ou seja, enquanto puder eu sempre farei histórias deles. Não me contentaria em fazer uma única edição do Dédis, por exemplo, se ainda tenho algo a falar sobre o personagem. Como poderia pensar diferente?

Coincidentemente, li uma matéria do Universo HQ sobre o interesse da editora DC Comics em continuar a obra do barbudo, sub sua supervisão ou por conta própria (O que é mais plausível considerando que o autor tem certa divergência com a editora.).
O medo dos fãs é que saia algo como Cavalheiro das Trevas 2 (em breve falarei sobre esta “caduquice”) uma continuação abaixo das expectativas, desprezando a essência da obra original e se apoiando nas vendas e reciclagem desnecessária da idéia.

Ok! E se os realizadores de Watchmen Alan Moore (roteiro) e Dave Gibbons (desenhos) resolvessem fazer esta continuidade (ou prequel) de sua obra? Sairia algo de bom ou ruim disto? Se sair bem, ia ser uma agradável revisita a velhos amigos que não víamos há anos, senão, seria um significativo de que Alan não tava muito afim e o fez para ganhar algum dinheiro para prosseguir com sua vida pacata na velha Inglaterra.

Em minha opinião atual, acho que gostaria de ler mais histórias sobre Rorschach antes da mini-série ou indo mais para frente como seria as aventuras do Coruja e da Espectral. Talvez ir muito além em viagens existenciais do Dr. Manhattan após os eventos da história, indo a lugares fora da imaginação mundana.
Não sou desfavorável a continuações desde que o autor tenha algo de novo para contar sobre suas criações. Acrescentar alguma coisa a história, tomar um novo rumo na vida dos personagens até o seu real final (ou seja, até a morte!).

Se a DC realmente quer fazer esta continuação sem os autores originais, terei pena dos artistas que serão contratados para este oficio, além da pressão de fazerem jus a obra que para muitos é considerado um dos maiores clássicos dos quadrinhos, tem que enfrentar a translocada e esquizofrênica comoção negativa dos fãs. Boa sorte a eles...
Quando pensamos numa história, criamos um inicio, meio e fim. Mas isto é relacionado á história e não aos personagens que em casos específicos tem seus finais em aberto ou um passado pouco explorado despertando a imaginação do leitor.

Imagine a série de TV Star Trek (Jornada das Estrelas) que acabou na terceira temporada deixando muitos fãs ansiosos por mais histórias a ponto de alguns criarem suas próprias temporadas em fanfictions em seguida vieram os filmes para o cinema e uma nova geração.
Quem não conhece o universo expandido de Star Wars, que se passam antes das triologias e depois do Retorno de Jedi? Os seriados Buffy e Angel (criados por Joss Whedon) tiveram temporadas extras em quadrinhos.
Sem contar que obras clássicas como dos Três Mosqueteiros tiveram mais duas continuações feitas pelo próprio autor.

Concluo que muitas histórias são passiveis de ter um prosseguimento ou uma revisita mais profunda sobre um fato passado na trama, basta o autor ter novas idéias e não se deixar mover pelo ego, pressão dos fãs, pressão dos editores, ambições financeiras, etc... É questão apenas de contar uma nova história com um personagem que já trabalhou antes ou prosseguir com competência o trabalho alheio.

Como diz o Dr. Manhattan no final de Watchmen:

“Nada chega ao fim. Nada.”

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Problemas da Criação#03


Como fazer uma adaptação de uma HQ para o cinema?
Bem, eu indubitavelmente gosto tanto de quadrinhos quanto de cinema. Nos últimos anos, ambas as mídias ganharam certa aproximação. Isso começou com Superman - O Filme (1978), outrora esse nicho de basear hqs se restringia a seriados de matinês dos anos 30/40 e seriados televisivos. Depois do sucesso do homem de aço na tela grande e suas continuações, em 1989 veio o primeiro filme do Batman dirigido pelo excêntrico Tim Burton que foi um sucesso apesar das criticas com relação da escolha do ator para o papel do homem morcego. Assim como Superman, Batman teve mais três seqüências que decaíram em qualidade. Na tabela tiveram filmes baseados em HQs menos populares como o sensacional O Corvo (ultimo notável trabalho de Brandon Lee), Rocheteer, O Sombra, Dick Tracy e outros caso tenha esquecido.
Em 1998, um modesto personagem da editora Marvel chamado Blade fez bonito nas bilheterias dando uma escalada de filmes baseados nos quadrinhos da editora como X-men, Homem-Aranha, Demolidor, Hulk, Quarteto Fantástico. Independente da qualidade, os filmes baseados nos herói Marvel abriram os olhos de Hollywood quanto ao filão quadrinhos nos dando filmes como Hellboy, American Splendor, Asterix, Estrada para Perdição, Batman begins.
Hoje a Marvel criou um estúdio próprio para adaptação de seus personagens para o cinema, sem falar que a empresa foi recentemente adquirida pela mega conglomerado Walt Disney Company, num investimento de bilhões. Já a concorrente da Marvel, a DC comics (detentora de Batman e Superman) que desde os anos 70 pertence a Time Warner, começou a reavaliar suas futuras adaptações cinematográficas. Outros estúdios procuram por material mais autoral com potencial para criarem grandes filmes.
Mas apesar dessa avalanche de filmes baseados em HQs, tem muita coisa de qualidade duvidosa ou com queda da mesma nas seqüências. Lendo inúmeras criticas a respeito de filmes baseados em HQs, tomei a liberdade de criar algumas dicas de como fazer tais filmes. Pode servir também para filmes baseados em livros ou vídeo games (que realmente, estão precisando!).



1- Leia a HQ
Antes de se aventurar, numa adaptação cinematográfica um dos princípios básicos é ler a obra e não uma única vez é claro. Tenha a idéia do que se trata a história, quem são os personagens e a ambientação.



2-
Ouça quem lê
Aquele que costuma ler a obra deve ser levado em consideração. Se você já for um leitor e fã, já é meio caminho andado. Mas sempre é bom ver outras visões diferentes da sua. Mas tenha cautela, pois existem fãs muito radicais e que não conseguem ponderar sobre as dificuldades de uma adaptação.




3-
Ouça quem fez

A participação do autor da obra, sempre que possível, é importante para o processo criativo podendo muitas vezes acrescentar a obra e ser um bom apoio para manter a fidelidade sobre ela. Muitas vezes isto pode não ser possível, pois varios autores deixam os direitos aos estúdios sem ao menos se envolverem na parte criativa ou por simplesmente não estarem vivos. Visto estes empecilhos, recorra sempre aos dois primeiros quesitos.





4-
Busque a essência

Se esta a par dos três primeiros quesitos, então esta próximo da essência. Procure colocar elementos familiares na obra como personagens, lugares e falas marcantes.




5-
Tenha coerência

Tenha sempre noção que às vezes coisas que funcionam numa mídia, nem sempre funcionam em outra. Como estamos falando de uma adaptação são necessárias algumas mudanças, como características físicas e psicológicas de personagens, ambientação mais realista ou contemporânea, etc. Deve-se levar a compreensão também para os fãs que muitas vezes exigem a total fidelidade da obra.




6-Use suas idéias, mas não divague nelas

Você tem um pensamento divergente a obra e quer usá-la. Tente ajustá-la a essência da mesma acrescentando ou reinventando conceitos. Mas se atenha ao parágrafo da coerência. Não exagere, embora o filme seja seu você esta lidando com um mundo já pré-concebido e com fãs ansiosos. Ao pender os seus pensamentos sobre a obra você corre o risco de cometer erros descaracterizando-a sem necessidade.





7-O roteiro
É o que qualquer filme que se preze deve ter, sendo adaptação ou não . Um roteiro é a alma do filme e deve andar de mãos dadas com a estética. Seguindo o que fora dito nos quesitos 4, 5 e 6, ajuda bastante na elaboração de uma história.




8-Elenco


Isto pode variar bastante. A semelhança do ator com o personagem pode não contar tanto, considerando que podem ser usados artifícios como maquiagem ou efeitos digitais se caso o personagem for muito caricato. Por outro lado, se o papel pedir, não custa nada procurar alguém que possua o biótipo que se case com o personagem. Deve se evitar atores muito famosos para os papéis principais (com exceções) e também atores com nenhuma experiência cinematográfica ou teatral que o seja (cantores ou celebridades em geral) a menos que sejam feitos testes bem apurados.
A melhor opção é escolher atores não tão famosos e que já tenham atuado antes em outros tipos de filmes. Como disse, a escolha de elenco é variável, passível de exceções e é necessário testar o casting antes assumirem os devidos papéis.


9- Aos produtores e executivos

O cinema é um mercado, isto é fato. O investimento em um filme é alto e arriscado e para garanti-lo é necessária intervenção executiva...
Pois bem, este é um dos principais problemas de uma adaptação cinematográfica Hollywoodiana atualmente. Para se ter uma idéia, toda a essência de um personagem pode ser modificada para se adequar a algum modismo do momento ou atender um público maior que não conheça o personagem. A condição de ser o financiador e de ter pouquíssima familiaridade do processo de criação ocasiona inúmeros problemas de coerência e abuso indevido do visual estético do personagem, prejudicando o roteiro. O resultado vem desde a rejeição por parte dos fãs da obra, a indiferença da critica especializada e provável baixa renda na bilheteria. A solução viável para isso é ter uma ligação maior entre a parte executiva e a criativa e que ambas entrem numa certa afinidade para que tudo ocorra bem. Leve em consideração os quesitos anteriores e entenda o público em geral.



10- O equilíbrio

Tudo que é pregado nesta lista é questão de saber utilizar a linguagem para tornar a adaptação não só atrativa para quem a conhece, mas para um público que nem chegou a conhecê-la ainda. Divirta, mas não subestime a inteligência das pessoas, pois tenha em mente que o público merece qualidade e com certeza isto será recompensador. Também não pregamos uma adaptação absolutamente perfeita, o que seria um pensamento tolo. O que se procura fazer são filmes agradáveis cerebrais ou não que contagie o público. Aja com calma, pondere o que vai fazer, consulte quem precisar, exponha suas idéias e limitações.



Se você aprovou estas dicas, gostaria de um favor: Passe a diante. Traduza para o inglês se necessário ou faça comparações com filmes em seus blogs, espalhe essa idéia. É uma alternativa diferente de expor sua insatisfação quanto a má retratação de seus personagens prediletos no cinema. Quem sabe alguém lá de Hollywood não se sensibilize? Bom! Sonhar não custa nada, mas a perseverança é fundamental neste processo.
Desculpem se pareço pretencioso, ok?

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Problemas da Criação #02


MARKETING MORTAL
Por Rogério DeSouza

Recentemente eu vi o longa animado “A Morte do Superman”, baseado nas histórias do homem de aço que foram publicados no início da década de 90. Embora a história seja uma das mais marcantes do personagem também é mais criticada, principalmente por seu roteiro.
Houve muito, mas muito alarde na época sobre essa história, não que eu já não tinha visto o herói morrer antes (Só no seriado Superamigos foram duas vezes), soou como algo tão oficial que esperaríamos algo épico. Demais mídias noticiaram o fato num tratamento muito incomum para uma HQ.


Mas qual o problema da “Morte do Superman”?

O problema esta no simples fato de ser vendido como “a Morte do Superman”. Para entender melhor isso vamos a trama:
Uma criatura aparece no meio dos EUA e começa uma trilha de destruição sem precedente, a Liga da Justiça (da época: Besouro Azul, Gladiador Dourado, Fogo, Gelo, Guy Gardner usando o anel amarelo do Sinestro, Máxima e o misterioso Bloodwild) é acionada para deter a criatura sem nenhum sucesso.
Então chega o Superman (o líder desta formação) que a duras penas percebe que o monstro é muito forte até para ele. No entanto ele é o único herói capaz de fazer frente a criatura. Culminando num devastador confronto.

Simplório, não é? Quer dizer, o monstro chamado de Doomsday (Apokalipse) foi criado especialmente para matar o herói sem qualquer propósito anterior ou posterior. Em outras palavras seria uma versão do Hulk no universo DC(acho que deveria ser assim).
Mas o que gostaríamos? Que o Superman fosse morto pelo Lex Luthor? Darkseid? Homem brinquedo? Não. Seria muito óbvio, não acham? Ou sim, seria o mais apropriado?
Na dúvida, considero que até Apokalipse mais apropriado na ocasião. Mas sua introdução poderia ser melhor trabalhada posteriormente ao evento. O mistério em torno de sua origem foi até atraente, em minha opinião, eu imaginei que ele fizesse parte do projeto Cadmus, mas não seria algo tão simples, claro.
A trama rolou bem até certo momento, o embate se estendeu em inúmeras edições diferentes o que deixou num aspecto de confusão com o batalhão de personagens que entraram na briga.
Deveriam ter trabalhado no dilema do Super enfrentar uma criatura capaz de realmente matá-lo com as próprias mãos e na questão se deve ou não deixar de lado suas convicções e matar a criatura.
Sua morte seria um sacrifício pessoal a todos que protege preparando o terreno para a sua eventual ressurreição onde haveria uma reavaliação do conceito do herói (o máximo que aconteceu foi o cabelo comprido).
Algumas coisas eu gostei como a reação de Lex Luthor que ficou furioso por não ter sido responsável pela morte do herói.
Depois disso, o corpo do homem de aço desapareceu e surgiram quatro supostos Super-homens em seguida: O Aço (um "negão" que usa uma armadura com expressões faciais), O Erradicador (que outrora era um artefato Kriptoniano que tomou forma humana e responsável indireto pela volta do heroi), Superboy (o clone e na minha opinião o melhor personagem do grupo), o Super Ciborgue (um Super em versão Terminator que logo se revela um vilão).
É claro que a morte do homem de aço não seria permanente, isto seria óbvio notar. O que se deveria explorar seria um universo DC sem o seu principal herói as conseqüências. Até é subtendido isso, mas com pouco impacto.
Mas não reclamo muito da saga, pois existiram coisas mais bizarras como “A Morte de Clark Kent” e o “Superman de energia” (ele até se dividiu em dois!).
Também, só para citar exemplos mais bem sucedidos, temos a Morte do Capitão América. Bem sucedidos, pois inicialmente houve (ou não) um vazamento de informações sobre o acontecido o que acarretou num “marketing acidental” em cima da morte do herói que seria a grande surpresa da saga Guerra Civil que já citei na coluna anterior. Muito melhor administrado e coerente.
Ah! O Capitão vai retornar este ano! Fazer o que? No mundo dos heróis, os fãs/editores saudosistas não aceitam substitutos... Vide o Lanterna e o Arqueiro Verde e outros...

Não deixe que o Marketing conte a história por você.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Problemas da criação - O começo

Guerra entre herois

Por Rogério DeSouza


Dei uma de doido e criei uma coluna de opinião, pois vejo tanta gente dizendo cada barbaridade na internet que uma bobajada a mais não vai fazer a diferença! Ehehehehhehehheh!

Mas falando sério agora, neste momento estou intrigado com uma coisa que vem acontecendo nos últimos anos nos quadrinhos de heróis e por quê não, nas demais mídias em geral e seus seguimentos: A má administração das histórias. Seria apelação das grandes editoras ou estúdios? Falta de criatividade? Dificuldades no mercado em se aprimorar devido aos prazos? O público que faz as escolhas erradas? Ou excesso de exigência do mesmo? Falta ou desinteresse tanto do público quanto da mídia em se comunicarem abertamente sobre a qualidade do produto em questão? A vontade de escrever esta coluna me veio após comprar e ler críticas sobre a saga INVASÃO SECRETA, escrita por Brian Michael Bendis, sobre a definitiva invasão da raça transmorfa Skrull ao planeta Terra. A trama foi iniciada de forma discreta desde que o escritor assumiu a revista dos Novos Vingadores culminando nesta Invasão que segundo os especialistas se tornou uma história “decepcionante”.


Sem querer parecer um “emo” isto me deixou mais triste do que decepcionado, por assim dizer. Não porque eu paguei pela revista ou me senti ofendido pela conclusão pífia, mas é o meu lado como criador de histórias que me dói mais. Brian Michael Bendis é um dos meus roteiristas favoritos e escreveu muita coisa boa, no entanto, tanto Invasão Secreta quanto Dinastia M foram muito criticadas, a segunda citada até gostei, sabem? Sei lá, a saga tentou sanar um problema no universo Marvel que eram as histórias dos mutantes, melhorando a qualidade das mesmas segundo fontes diversas. Outra conseqüência interessante foi fazer o Wolverine se lembrar de todo seu passado (o que na minha opinião faz parte da evolução natural do personagem) e o retorno do Gavião Arqueiro, que realmente não devia ter morrido no “Vingadores – A Queda”. Depois veio a GUERRA CIVÍL uma reviravolta na vida de todos os heróis da editora, sem contar as sagas em paralelo como Aniquilação e Planeta Hulk amplamente elogiadas.

Estou enrolando, não é? Então vamos focar as coisas, não que eu seja um expert em fazer histórias e tal, mas faço isso mais como um exercício de como fazer ou como não fazer.
Como não li Invasão Secreta com mais atenção vou me voltar para outra saga mais antiga a GUERRA CIVÍL escrita por Mark Millar, como um exemplo. O plot é interessante, depois de uma ação desastrosa de um grupo de jovens heróis que resultou na morte de centenas de pessoas entre elas crianças de uma escola próxima, o governo decide que todos os heróis devem se registrar e trabalhar para ele. Em suma, nada mais seria a mesma coisa para os heróis coisa que os fãs mais exigentes querem: mudanças. É claro que boa parte dos heróis que ocultam suas identidades não gostou da idéia e isso dividiu em dois grupos: Anti-registro (liderados adivinhem... Pelo Capitão América!) e os Pró-registro (chefiados pelo Homem de Ferro). Muita gente se surpreendeu com o fato do herói patriota ser contra uma lei governamental, eu cheguei nesta conclusão: O Capitão America não representa o governo e sim o povo americano por conseqüência o ideal da liberdade. Ele é o lado mais nobre do que o povo americano deveria ser. Já o Homem de Ferro, sua decisão é um pouco mais profunda, creio que desde que fundou os Vingadores se viu no meio de seres que podiam destroçar exércitos, controlar tempestades, destruir o planeta com apenas um gesto ou dominar mentes e Tony Stark (Homem de Ferro), apesar de usar uma armadura super tecnológica é um humano, portanto preocupado com os assuntos da humanidade com relação aos super-seres, embora seu convívio com os mesmos lhe de uma empatia com os mesmos.

Eu diria que muitos fãs ficaram chocados com as atitudes de certos personagens no decorrer da saga, como o fato de criarem um Thor artificial ou o Capitão pedir o apoio de alguns criminosos. Essa tal incoerência na característica dos personagens não me desagradou como a outros e só tornou a história mais tensa.

O que explodiu meus miolos foi o Homem-Aranha que era pró-registro ter revelado publicamente sua identidade secreta e durante a saga se arrepender disso, o que deixou a Marvel em xeque com as histórias do herói. Foi uma grande coragem fazerem isso, mas e agora? Uma coisa que prego aos meus personagens é nunca deixá-los numa situação radical demais, a menos que possa fazer boas histórias em cima disso ou os fãs aceitarem de bom agrado. Como fazer histórias do Aranha sendo um eterno fugitivo, casado e com uma Tia idosa para cuidar? A despeito do que foram mostrados em outras mídias sobre o herói aracnídeo?


A solução não seria das melhores, óbvio! Seria impossível criarem algo plausível que não parecesse forçado e ganhamos a história “One More Day”! Um lamentável retrocesso, mas necessário.

Voltando á Guerra Civil, sua conclusão para mim, parece bem acertada. Um dos lados para e pensa no meio de uma luta épica: “POMBA! SOMOS HEROIS! O QUE DIABOS ESTAMOS FAZENDO?!”

Esta iluminação veio do próprio Capitão America que vendo a destruição que a “guerra” causou, se rendeu e foi preso para em seguida ser “morto” em sua revista mensal.

Já o Homem de Ferro se tornou “persona non grata” entre os heróis anti-registro inclusive o próprio Thor que voltou e não gostou nem um pouco em ser clonado numa das melhores histórias que já li.

Uma coisa que muitos reclamaram foi a morte de personagens sem importância como foi o caso do Golias, que seja mequetrefe, mas sua morte foi uma das coisas mais tristes e dramáticas que já li. Foi um foco de grande importância na psicologia dos personagens, como gosto de criar personagens também crio coadjuvantes que para o leitor pode ser alguém sem importância, mas dentro da trama com o personagem dentre os principais que o conhecem tem o seu valor.

Ah! Queriam que matassem quem? O Homem Aranha? É preciso entender que as vezes dependendo do personagem é preciso de um certo “planejamento” para se realizar alguma coisa do gênero sem falar que tramas estavam correndo em paralelo e outros autores precisavam de determinados personagens.

Mas o que levaram eles a criarem uma trama como esta? Por favor esqueçam o dinheiro por um minuto e reflitam. Estávamos em plena era Bush/pós 11 de setembro, as atitudes do presidente em relação com o resto do mundo inspirou muito artistas assim como provavelmente essa história. E como Mark Millar é conhecido por fazer histórias de cunho político/social a oportunidade caiu em suas mãos.

Criar a discussão sobre o registro de heróis já é um mérito, mesmo sendo uma coisa ficcional.

Concluindo, coloquei meu ponto de vista sobre determinada história assim como farei com outras com o passar do tempo. Espero que não tenha incomodado vocês com este texto longo, mas quis ser bem detalhista.

Ah! Invasão Secreta ainda não por completo mas assim que o fizer vou colocar minhas “analises” aqui.

Continuem lendo amigos! (seja gibis ou um livro...)