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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Problemas da Criação #16



AÇÃO EXECUTIVA
Por Rogério DeSouza


Bom, muitos vêem quadrinhos como arte. Um meio de se expressar através da grafia do traço, na narrativa das imagens e sensibilidade nos textos. Afinal de contas estamos falando da nona arte. No entanto o artista necessita se sustentar, se quer viver disso precisa vender sua arte, sempre foi assim e sempre será.

Vejamos dois pontos primeiro:

Mauricio de Sousa e Bill Watterson dois artistas distintos.


Mauricio de Sousa é criador da Turma da Mônica, a mais de quarenta anos e sendo publicados ininterruptamente no Brasil e alguns países. Antes Mauricio começou como repórter policial, depois largou o oficio deprimente e começou a fazer tiras do Bidu, depois vieram o Cebolinha, Cascão e a Mônica (inspirada em uma de suas filhas) a partir daí o sucesso aumentou a tal ponto que contratou colaboradores e resolveu ampliar o universo dos seus personagens. Hoje os vemos animações, camisetas, tênis, brinquedos, etc...

Bill Watterson é um chargista americano, em 1985 começou com as tiras de Calvin e Haroldo (Calvin and Hobbes) alcançando fama em todo o mundo ao contar as histórias do garoto hiperativo Calvin e seu tigre de pelúcia que na imaginação do menino andava e falava com ele. Sua obra influenciou muitos artistas no meio, mas nunca comercializou seu trabalho colocando seus personagens em lancheiras, camisas, brinquedos, etc. Subitamente em 1995 se aposentou e passou a se dedicar a pintura.

Falo desses exemplos, pois além de serem artistas aos quais tenho admiração, ambos tem o controle sobre aquilo que produzem no caso Mauricio de Sousa deixou parcialmente de fazer as suas tiras para se dedicar a administrar a imagem de suas criações, já Bill Watterson largou tudo de vez para se dedicar apenas a arte e não permite que ninguém utilize suas criações.

Agora vamos ao terceiro lado da história, Jerry Siegel e Joe Shuster em 1938 criaram um dos mais conhecidos personagens de todos os tempos: Superman (Super-homem para os conservadores.)


O personagem foi grande sucesso de vendas em sua época, no entanto, seus criadores sequer tinham seus nomes citados nos créditos de criação, por muitos anos. Tardiamente foram lhe dados o devido reconhecimento e até hoje seus herdeiros brigam com a editora pelos lucros envolvidos com a imagem do homem de aço.
Hoje muitos personagens estão nas mãos das grandes editoras e corporações do entretenimento. Ou seja, você acha que Stan Lee tem o controle sobre o que é feito com o Homem Aranha? Engana-se, apesar de seu nome estar lá, Stan Lee já não trabalha mais com suas criações da Marvel, deixando tudo nas mãos dos editores e executivos da empresa e recebendo apenas royalties.
É assim que se resumem as editoras Marvel e DC, são parte de um conglomerado do entretenimento e como tal vive de lucros. Se não vende é cancelado, mesmo tendo qualidade, é simples. Se as vendas estão baixas mudanças tem que acontecer e ai surge alguma grande saga para mudar o status do personagem e assim causar interesse de leitores novos e antigos fiéis que compram qualquer coisa do personagem.
Sim, há boas histórias escritas por bons artistas como Grant Morrison, Alan Moore, Frank Miller, Brian Michael Bendis e outros. Mas são meramente pontuais, trabalhos contratados de pessoas que tentam arrumar a bagunça de outras num ciclo interminável de incoerência. Se você for pontual com o que lê, pode até encontrar boas histórias nas grandes editoras, no Brasil é um pouco difícil, pois estamos presos aos “mixies” onde geralmente apenas uma história da revista é boa.
O grande problema dos quadrinhos do mainstream são seus financiadores, pessoas acostumadas em números e vendas sem nenhum sentimento com quem faz ou lê as histórias tomando decisões muitas vezes inequívocas.
O que esses executivos ou donos de editoras deveriam fazer é pesquisar não o mercado, mas sim o público. Saber o que todos gostamos e o que não gostamos, arriscar com novidades e por ai vai.
E o que o público faz a respeito? Pelo que eu vejo ou continuam acomodamente comprando ou reclamam muito no Twiter, nos fóruns, nos comentários de matérias relacionadas e em seus blogs pessoais (como aparentemente estou fazendo). Sob protesto, muitos deixam de comprar ou baixam scans, na esperança que baixando as vendas vá atingir os executivos, que como disse só vê números e não faz pesquisa de opinião. E o que você acha que eles vão fazer? Matar um grande personagem, fazer uma nova saga ou um reboot mudando tudo novamente, é isso.
Sou um pouco insistente com relação do contato entre o leitor e a editora, pode parecer inviável, mas se formássemos grupos de leitores, fornecermos números, catálogos, interesses a essas editoras, talvez possamos contrabalançar esses problemas. Todos esses personagens saíram do controle de seus criadores há décadas e estão sob o controle de artistas de estilos distintos, de editores submissos com idéias adversas e os executivos que querem lucros em seus investimentos.

Em outro parâmetro, temos o Mangá. Embora tenha certo nível comercial, a grande maioria de seus autores tem controle sobre suas obras e muitas vezes largam a serie para produzir animação dela. Por depender totalmente da eficiência do artista, muitas dessas séries saem com atraso de meses e até anos. Para sanar isso, alguns contratam colaboradores para cenários e coisas mais complexas. De qualquer forma, o mangá é um exemplo a ser seguido em matéria de ter o controle sobre o que fazer com seu trabalho autoral mesmo com o risco da ocidentalização.

Os executivos do lado ocidental muitas vezes não entendem o que faz dessas obras interessantes ao tentarem adequar ao seu mercado e o resultado muitas vezes é vexatório.

Bom, a questão do artista novato é qual o rumo que ele quer tomar, se quer “comercializar” sua obra ou quer apenas fazer "arte". O importante é ter o controle da sua obra tanto no seu lado comercial ou artístico, manter padrões e alterá-los quando for necessário. Seguir tendências não é exatamente um crime se for uma coisa bem feita e coerente ao seu estilo. E se no futuro pensar em só viver de royalties, tenha um pouco de consideração com seus admiradores e garanta que seu legado esteja sendo mostrado de maneira apresentável.
Confesso aqui que viso trabalhar com meus personagens em outras mídias senão quadrinhos, afinal eu adoro animações, cinema e videogame, vê-los nessas mídias poderia ser criativamente desafiador. Também a aqueles que gostam de meus personagens, oferecer coisas como camisas e bonés... Megalomaníaco pode até ser, mas penso no futuro dos meus familiares, na criação de um mercado mais amplo de quadrinhos e demais seguimentos do entretenimento aqui no Brasil.
Claro, tem o outro lado, abriria mão de milhões para não fazer alguma coisa que não tenha absolutamente nada relacionado com o que faço ou tenha nenhuma afinidade com o que gosto.
Acho importante o artista manter as rédeas daquilo que cria, assim como Bill Watterson que não deixa mexerem em seus personagens mesmo tendo deixado de fazer sua produção com apenas uma década e assim como Maurício de Sousa que licencia os seus sob rígidas condições de traço e abordagem das histórias. Se deixarmos tudo para os outros corremos o risco de desiludir pessoas que admiravam essas criações e no fim começam a discutir infinitamente em seus twitters, fóruns e blogs abalando o interesse sobre a nona arte.
Quanto aos leitores, reitero que não se pode esperar muito de personagens licenciados por grandes editoras a não ser conseguir o contato direto seja qual for o jeito, pois são grandes elefantes que não enxergam nada além de sua necessidade e sobrevivência, temos que apenas chamar sua atenção sobre nossas necessidades. Quem sabe possamos parar as sagas manjadas, mortes/ressurreições e reboots sem sentido e apenas ler boas histórias.

Com a palavra:

Bill Waltterson

Entrevista com Mauricio de Sousa, feita ha algum tempo sobre seu trabalho. (Universo HQ) PARTE1 e PARTE2

Mark Millar (Superman: Foice e Martelo, Supremos) sobre o "reboot" da DC comics e grandes editoras.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Uma nota...

Antes do próximo post sobre Animextreme que vai atrasar...

Lembram do PROBLEMAS DA CRIAÇÃO #15 - A ERA DA MUDANÇA?




Pois é... Confesso que não tenho idéia do que pensar disso. No entanto, a grande maioria foi desfavorável, se é que é um reboot ou não...

Ressalto o que disse em meu texto:



"Como leitores e autores nós temos que saber discernir as coisas e estarmos
preparados para as mudanças, para o bem ou para o mal."



segunda-feira, 18 de abril de 2011

Dédis no Século 30?!

Interrompemos a programação normal para dar uma notícia de penúltima hora!! Nosso amiguinho pálido e calvo Dédis quebrou a barreira do tempo e do espaço e resolveu dar uma visitada nas histórias da Legião dos Super Herois lá nos "States" (Ou Estados unidos)!




Confiram melhor...



Seria obra do seu irmão ciêntista Dedigênio, só para sacaneá-lo? Seria preguiça do artista? Ou seria outro da espécie do Dédis?

Seja como for, suspeita-se que isto tudo seria obra do Prof. Daniel HDR grande amigo de Rogério DeSouza, cuja suas experiências em lidar com tempo/espaço com a intenção de fazer páginas para as histórias em quadrinho no exterior devem ter causado este incidente temporal.


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Problemas da Criação #04



Watchmen deve continuar???

Bem, nesses dias encontrei um amigo e falamos de Watchmen. Ele havia alugado o filme e parte do motion comic da obra (Já que o álbum, hoje, custa os olhos da cara!). Daí, ele questionou o porquê o autor da obra, Alan Moore, não querer fazer uma continuação deste trabalho.
Pensei em dizer algo como: Não! É uma obra única! A história não pode ter uma continuidade porque é uma trama que se completa mesmo que aparenta ter ganchos e deixar espaço para especulações, pois é assim que o escritor quer!
Mas me peguei num impasse, eu tenho o habito de criar muitas histórias para meus personagens, ou seja, enquanto puder eu sempre farei histórias deles. Não me contentaria em fazer uma única edição do Dédis, por exemplo, se ainda tenho algo a falar sobre o personagem. Como poderia pensar diferente?

Coincidentemente, li uma matéria do Universo HQ sobre o interesse da editora DC Comics em continuar a obra do barbudo, sub sua supervisão ou por conta própria (O que é mais plausível considerando que o autor tem certa divergência com a editora.).
O medo dos fãs é que saia algo como Cavalheiro das Trevas 2 (em breve falarei sobre esta “caduquice”) uma continuação abaixo das expectativas, desprezando a essência da obra original e se apoiando nas vendas e reciclagem desnecessária da idéia.

Ok! E se os realizadores de Watchmen Alan Moore (roteiro) e Dave Gibbons (desenhos) resolvessem fazer esta continuidade (ou prequel) de sua obra? Sairia algo de bom ou ruim disto? Se sair bem, ia ser uma agradável revisita a velhos amigos que não víamos há anos, senão, seria um significativo de que Alan não tava muito afim e o fez para ganhar algum dinheiro para prosseguir com sua vida pacata na velha Inglaterra.

Em minha opinião atual, acho que gostaria de ler mais histórias sobre Rorschach antes da mini-série ou indo mais para frente como seria as aventuras do Coruja e da Espectral. Talvez ir muito além em viagens existenciais do Dr. Manhattan após os eventos da história, indo a lugares fora da imaginação mundana.
Não sou desfavorável a continuações desde que o autor tenha algo de novo para contar sobre suas criações. Acrescentar alguma coisa a história, tomar um novo rumo na vida dos personagens até o seu real final (ou seja, até a morte!).

Se a DC realmente quer fazer esta continuação sem os autores originais, terei pena dos artistas que serão contratados para este oficio, além da pressão de fazerem jus a obra que para muitos é considerado um dos maiores clássicos dos quadrinhos, tem que enfrentar a translocada e esquizofrênica comoção negativa dos fãs. Boa sorte a eles...
Quando pensamos numa história, criamos um inicio, meio e fim. Mas isto é relacionado á história e não aos personagens que em casos específicos tem seus finais em aberto ou um passado pouco explorado despertando a imaginação do leitor.

Imagine a série de TV Star Trek (Jornada das Estrelas) que acabou na terceira temporada deixando muitos fãs ansiosos por mais histórias a ponto de alguns criarem suas próprias temporadas em fanfictions em seguida vieram os filmes para o cinema e uma nova geração.
Quem não conhece o universo expandido de Star Wars, que se passam antes das triologias e depois do Retorno de Jedi? Os seriados Buffy e Angel (criados por Joss Whedon) tiveram temporadas extras em quadrinhos.
Sem contar que obras clássicas como dos Três Mosqueteiros tiveram mais duas continuações feitas pelo próprio autor.

Concluo que muitas histórias são passiveis de ter um prosseguimento ou uma revisita mais profunda sobre um fato passado na trama, basta o autor ter novas idéias e não se deixar mover pelo ego, pressão dos fãs, pressão dos editores, ambições financeiras, etc... É questão apenas de contar uma nova história com um personagem que já trabalhou antes ou prosseguir com competência o trabalho alheio.

Como diz o Dr. Manhattan no final de Watchmen:

“Nada chega ao fim. Nada.”