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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Problemas da Criação #17-A


Menina não entra - Parte1



Por Rogério DeSouza





Certa vez, eu vi um filme chamado Ultravioleta cuja protagonista é uma mulher meio vampira com habilidades sobre-humanas. O filme não era dos bons, pois pecava por valorizar mais o visual do que a história propriamente dita. Nesta mesma época, eu resolvi fazer uma história, não vem ao caso contá-la aqui, mas o que posso adiantar é que isto foi motivado pelo fracasso não só dessa, mas de outras películas de ação protagonizada por mulheres.
Mulher e ação não combinam é o que diz o público em geral, ou não?


Vejamos assim:
Anos 70, discoteca, pós-hippie, punk e o feminismo entrando forte no cotidiano refletindo nas séries de TV americanas: Police Woman, As Panteras, Mulher Biônica e Mulher Maravilha... De repente, acabou.

Depois, nos anos oitenta tivemos um “bum” dos filmes de ação protagonizado por homens chamados “brucutus” como Stallone, Arnold Schwarzenegger, Chuck Norris e outros. Era uma época muito divertida onde existia o exército de um homem só, passando por cima de todos os inimigos como se passeasse pelo jardim.
No meio daqueles caras musculosos sem camisa, não havia espaço para “elas” que se contentavam a serem salvas do perigo. Tinha um seriado de TV nesta época chamado Dama de Ouro (Lady Blue, no original) cuja protagonista era uma policial chamada Katy Mahoney que metia bala nos bandidos sem piedade. A série teve apenas 13 episódios infelizmente.

Também teve o filme Guerreiros de Fogo, protagonizada pela atriz Brigitte Nielsen que faz o papel da guerreira Red Sonja, personagem literária e dos quadrinhos, também aparece neste filme Schwarzenegger como parceiro da heroína e bem destacado nos cartazes do filme que não foi bem para variar.

A única representante bem sucedida nesta época é Hellen Ripley no segundo filme da franquia Alien, dirigido por James Cameron (Que anos mais tarde transformaria a acuada Sara Connor numa corajosa combatente em Exterminador 2) .

Qual o problema de mulheres não emplacarem em filmes de ação?
Bom, segundo estudiosos as mulheres fisicamente são diferente dos homens, tendo inúmeras limitações em decorrência de sua fisiologia característica com distúrbios de temperamento e hormonais...
Sinceramente, acho isso uma desculpa. É machismo puro e simples. Nossa visão da mulher é daquela linda princesa de pele delicada e aparência majestosa (Pra não dizer sensual ou gostosa, ok?) e pura que inspira poetas e causa paixões. Ninguém associa isso a alguém capaz de encher um homem de pancada e em pleno inicio do século XXI estamos engatinhando para mudar isso.
Um sinal de mudança surgiu nos anos noventa com a volta das séries de TV: Buff, a caça vampiros , Joss Whedon nos ensina que as mulheres podem dar uns tabefes nos mal feitores de vez em quando. Mas o maior símbolo desse gênero é Xena, a princesa guerreira, estrelada por Lucy Lawless que fez grande sucesso na mídia nos anos noventa, finalmente uma protagonista feminina munida de espada lutava a altura dos brucutus de épocas passadas que estava em franca decadência. Nem mesmo a referencia ao lesbianismo diminuiu o sucesso da série.

Enquanto isso no cinema, lar dos filmes de ação havia lampejos de que nem sempre os homens partiam pra cima dos mal feitores. A exemplos de Maquina Mortífera 3, Nikita, filmes chineses, etc... Houve alguns filmes de 007 em que o espião britânico teve parceiras que estavam em sincronia com ele quando for para atirar e derrubar inimigos.
Já nos anos 2000 a coisa estourou de vez com o filme que adapta o seriado das Panteras (Charlie’s Angels), antes disso víamos Carrie-Anne Moss dando aquele chute da garça em 360° na cara de um guarda no memorável filme The Matrix.
Na tangente, temos Tomb Rider, Anjos da Noite, Aeon Flux, Resident Evil e participações explosivas em filmes como Demolidor (Elektra que teria um filme solo depois), Tigre e o Dragão, X-men 1 e 2 (Mística e Lady Letal), Exterminador do futuro 3 (a Terminatrix)... Sem falar um caso à parte chamado de Kill Bill, filme de Quentin Tarantino estrelado por Uma Thurman que faz um papel de uma noiva ex-assassina que passa se vingar de seu antigo chefe Bill (David Carradine) após ele ter orquestrado uma chacina no ensaio de seu casamento.
Embora Kill Bill tenha tido um sucesso relativo, a maioria dos filmes de ação com mulheres emplacaram muito pouco, embora tivessem suas relativas continuações ainda são colocadas numa categoria abaixo.
Sucker Punch, último filme dirigido por Zack Snyder, sobre uma jovem num manicômio vivendo num mundo surreal e cheio de ação em sua mente para escapar do lugar junto com demais detentas. O filme, segundo dizem tem um visual lindo com bastantes cenas dinâmicas, tiros, lutas... Mesmo assim não empolgou o público, nas bilheterias.

Seria culpa das meninas guerreiras? Creio que não totalmente... Muitos desses filmes pecam nos roteiros e exageros estéticos (até aceitáveis se fossem no contexto) e por isso contribuem para que as garotas não engrenem como heroínas de filmes de ação.
Nossas garotas precisam de uma seqüência de filmes com bons roteiros, talvez ajude a minar nosso preconceito diante do “sexo frágil”...

VEJA A PARTE 2 Onde falarei das heroínas nos quadrinhos, animações e mais detalhes sobre este assunto tão abrangente.