quarta-feira, 12 de maio de 2010

Problemas da Criação #08


O quadrinho brasileiro parte03


De fora para dentro
Por Rogério DeSouza

No programa Roda Viva da rede Cultura, assisti uma entrevista com a dupla de artistas Gabriel Ba e Fabio Moon que fizeram relativo sucesso no concorridíssimo mercado internacional das histórias em quadrinho, ganhando diversos prêmios.
Como resultado, ganharam destaque na mídia e pela primeira vez uma minisérie um título totalmente feito por artistas brasileiros é lançado lá fora chamada Daytripper, publicada pelo selo Vertigo da DC comics.
Quem diria... Voltando mais no tempo, quando freqüentava a falecida comic shop Planeta Proibido, me lembro de ver a capa de um pacato fanzine chamado Dez pãezinhos ao qual achava superior demais para minha leitura na época, mas sempre me fisgou um pouco de curiosidade sobre a criação de BA e Moon.
Fico muito contente em ver coisas assim. E senti muito orgulho em vê-los tão evidencia hoje, fazendo um trabalho realmente bom e honesto.
Mas essa fama deles se deu por uma simples questão: Fazendo trabalho fora do mercado nacional.

Isso ai amiguinhos, nossos heróis tiveram que sair de sua pátria para conseguirem trabalhar com quadrinhos e terem o devido reconhecimento. Mas os gêmeos não foram os primeiros e nem serão os últimos (espero!).
Desde final dos anos 80 e inicio dos anos 90, desenhistas brasileiros têm conseguido trabalho fora do país, para editoras americanas e de outros países.
Com o uso de agenciamento e indicações, estes artistas entraram em evidência, chegando a fazer desenhos de personagens muito conhecidos das editoras Marvel e DC.
Um dos nomes nacionais mais conhecidos lá fora é o de Mike Deodato Jr. (ou Deodato Taumaturgo Borges Filho) que chegou fazendo trabalhos para editoras menores, até chegar na Mulher Maravilha cuja sua estilização da figura feminina chamou muita atenção na época. A partir daí fez trabalhos para Image e mais tarde para Marvel onde se fixou. Fez desde Elektra até Vingadores, Hulk e Homem Aranha.
Paralelo a ele temos nomes como Roger Cruz, Marcelo Campos e Luke Ross (Luciano Queiroz), esses três últimos, tive o privilégio de conhecer quando passaram pela capital gaúcha, por intermédio do curso ministrado pelo amigo e professor Daniel HDR, que também faz trabalhos para fora em títulos como Lady Death e X-men.

É inegável que embora os anos 90 tenham sido conhecidos como “era Image” foi um período produtivo para artistas que trabalham com quadrinhos. Com a fama desses artistas houve grande incentivo por parte dos iniciantes que começaram a freqüentar cursos, criar fanzines e buscar seu espaço no meio.
O fato chegou a chamar a atenção do mercado nacional onde tiveram tentativas de títulos que não se consolidaram como Linha de Ataque, Terra 1, U.F.O Team e outros menos expressivos.
Para trabalhar neste meio é muito difícil, o artista tem que se dedicar, praticar, aceitar criticas, aceitar prazos insanos, passando até noites acordado. Isso tudo se você conseguir um agente, um contato com grandes editoras, se não for dessa forma, aprenda inglês e parta com sua pasta cheia de páginas para as convenções americanas. Foi o que fizeram esses desbravadores, VARIAS vezes engolem muito sapo como, acreditem ou não, serem chamados de “traidores” o que estas pessoas não entendem é que literalmente não há mercado para HQs por aqui, tirando o Maurício de Sousa, um artista não pode viver só de quadrinhos no Brasil e é por isso que eles tem que ir para onde isso é viável.
Claro que com a experiência que eles adquirem lá fora, conseguem finalmente produzir coisas aqui dentro como álbuns independentes ou administram cursos de histórias em quadrinho formando assim novos artistas.

Hoje em dia, temos muitos artistas espalhados pelas editoras americanas e de outros países, fazendo o que gostam, entre eles estão:
Renato Guedes, Ed Benes, Ivan Reis, Eddy Barrows, Rafael Grampá, Joe Prado, Marcio Tanaka, Rodney Buchemi, Adriana Melo, Joe Bennet, Rafael Albuquerque, Eduardo Pansica e outros.


Abaixo vou colocar links de depoimentos destes artistas e dicas a respeito do assunto.

http://www.hcast.com.br/hcast/index.php/ep-13-desenho-e-arte-final/

http://www.interney.net/blogs/melhoresdomundo/2010/04/16/podcast_mdm_68_mdm_entrevista_eddy_barro/

http://www.interney.net/blogs/melhoresdomundo/2010/03/19/podcast_mdm_64_duas_geracoes_de_desenhis/

http://www.argcast.com/#/podcast/049-especial-garotas-nos-quadrinhos/

http://hqmaniacs.uol.com.br/principal.asp?acao=materias&cod_materia=313

http://hqmaniacs.uol.com.br/principal.asp?acao=materias&cod_materia=594


http://www.bigorna.net/index.php?secao=entrevistas&id=1246015546

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u43087.shtml

http://omelete.com.br/quadrinhos/revista-destaca-cinco-desenhistas-brasileiros-em-ascensao-nas-hqs-dos-eua/

2 comentários:

  1. Essa é a realidade. Não basta só saber desenhar pra conseguir trampos em agências e estúdios, como muitos parentes em geral e desinformados(as) pensam.

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  2. Não tenho nada contra quem trabalhar pra fora, não... Eu mesmo já quis muito fazer uns trabalhos pra Disney da Zoropa...

    Só tenho dúvida se é um negócio que valha a pena a longo prazo. Mas às vezes as pessoas não têm mesmo opção.

    É que tem um lado meu que gostaria de ver o Brasil ir pra frente nesse negócio de quadrinhos (e em outras coisas também, claro). Mas o nosso país é muito ingrato com seus artistas... Talvez seja melhor "matar" o Brasil dentro de nós e ir buscar nosso espaço em mercados melhores.

    O Wander Antunes tá conseguindo o espaço dele no mercado franco-belga. Quando aparece algum mala cobrando dele mais "nacionalismo", ele diz que "Não tenho compromisso com um país que não tem compromisso comigo". Acho que é um bom lema...

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