quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Problemas da criação - O começo

Guerra entre herois

Por Rogério DeSouza


Dei uma de doido e criei uma coluna de opinião, pois vejo tanta gente dizendo cada barbaridade na internet que uma bobajada a mais não vai fazer a diferença! Ehehehehhehehheh!

Mas falando sério agora, neste momento estou intrigado com uma coisa que vem acontecendo nos últimos anos nos quadrinhos de heróis e por quê não, nas demais mídias em geral e seus seguimentos: A má administração das histórias. Seria apelação das grandes editoras ou estúdios? Falta de criatividade? Dificuldades no mercado em se aprimorar devido aos prazos? O público que faz as escolhas erradas? Ou excesso de exigência do mesmo? Falta ou desinteresse tanto do público quanto da mídia em se comunicarem abertamente sobre a qualidade do produto em questão? A vontade de escrever esta coluna me veio após comprar e ler críticas sobre a saga INVASÃO SECRETA, escrita por Brian Michael Bendis, sobre a definitiva invasão da raça transmorfa Skrull ao planeta Terra. A trama foi iniciada de forma discreta desde que o escritor assumiu a revista dos Novos Vingadores culminando nesta Invasão que segundo os especialistas se tornou uma história “decepcionante”.


Sem querer parecer um “emo” isto me deixou mais triste do que decepcionado, por assim dizer. Não porque eu paguei pela revista ou me senti ofendido pela conclusão pífia, mas é o meu lado como criador de histórias que me dói mais. Brian Michael Bendis é um dos meus roteiristas favoritos e escreveu muita coisa boa, no entanto, tanto Invasão Secreta quanto Dinastia M foram muito criticadas, a segunda citada até gostei, sabem? Sei lá, a saga tentou sanar um problema no universo Marvel que eram as histórias dos mutantes, melhorando a qualidade das mesmas segundo fontes diversas. Outra conseqüência interessante foi fazer o Wolverine se lembrar de todo seu passado (o que na minha opinião faz parte da evolução natural do personagem) e o retorno do Gavião Arqueiro, que realmente não devia ter morrido no “Vingadores – A Queda”. Depois veio a GUERRA CIVÍL uma reviravolta na vida de todos os heróis da editora, sem contar as sagas em paralelo como Aniquilação e Planeta Hulk amplamente elogiadas.

Estou enrolando, não é? Então vamos focar as coisas, não que eu seja um expert em fazer histórias e tal, mas faço isso mais como um exercício de como fazer ou como não fazer.
Como não li Invasão Secreta com mais atenção vou me voltar para outra saga mais antiga a GUERRA CIVÍL escrita por Mark Millar, como um exemplo. O plot é interessante, depois de uma ação desastrosa de um grupo de jovens heróis que resultou na morte de centenas de pessoas entre elas crianças de uma escola próxima, o governo decide que todos os heróis devem se registrar e trabalhar para ele. Em suma, nada mais seria a mesma coisa para os heróis coisa que os fãs mais exigentes querem: mudanças. É claro que boa parte dos heróis que ocultam suas identidades não gostou da idéia e isso dividiu em dois grupos: Anti-registro (liderados adivinhem... Pelo Capitão América!) e os Pró-registro (chefiados pelo Homem de Ferro). Muita gente se surpreendeu com o fato do herói patriota ser contra uma lei governamental, eu cheguei nesta conclusão: O Capitão America não representa o governo e sim o povo americano por conseqüência o ideal da liberdade. Ele é o lado mais nobre do que o povo americano deveria ser. Já o Homem de Ferro, sua decisão é um pouco mais profunda, creio que desde que fundou os Vingadores se viu no meio de seres que podiam destroçar exércitos, controlar tempestades, destruir o planeta com apenas um gesto ou dominar mentes e Tony Stark (Homem de Ferro), apesar de usar uma armadura super tecnológica é um humano, portanto preocupado com os assuntos da humanidade com relação aos super-seres, embora seu convívio com os mesmos lhe de uma empatia com os mesmos.

Eu diria que muitos fãs ficaram chocados com as atitudes de certos personagens no decorrer da saga, como o fato de criarem um Thor artificial ou o Capitão pedir o apoio de alguns criminosos. Essa tal incoerência na característica dos personagens não me desagradou como a outros e só tornou a história mais tensa.

O que explodiu meus miolos foi o Homem-Aranha que era pró-registro ter revelado publicamente sua identidade secreta e durante a saga se arrepender disso, o que deixou a Marvel em xeque com as histórias do herói. Foi uma grande coragem fazerem isso, mas e agora? Uma coisa que prego aos meus personagens é nunca deixá-los numa situação radical demais, a menos que possa fazer boas histórias em cima disso ou os fãs aceitarem de bom agrado. Como fazer histórias do Aranha sendo um eterno fugitivo, casado e com uma Tia idosa para cuidar? A despeito do que foram mostrados em outras mídias sobre o herói aracnídeo?


A solução não seria das melhores, óbvio! Seria impossível criarem algo plausível que não parecesse forçado e ganhamos a história “One More Day”! Um lamentável retrocesso, mas necessário.

Voltando á Guerra Civil, sua conclusão para mim, parece bem acertada. Um dos lados para e pensa no meio de uma luta épica: “POMBA! SOMOS HEROIS! O QUE DIABOS ESTAMOS FAZENDO?!”

Esta iluminação veio do próprio Capitão America que vendo a destruição que a “guerra” causou, se rendeu e foi preso para em seguida ser “morto” em sua revista mensal.

Já o Homem de Ferro se tornou “persona non grata” entre os heróis anti-registro inclusive o próprio Thor que voltou e não gostou nem um pouco em ser clonado numa das melhores histórias que já li.

Uma coisa que muitos reclamaram foi a morte de personagens sem importância como foi o caso do Golias, que seja mequetrefe, mas sua morte foi uma das coisas mais tristes e dramáticas que já li. Foi um foco de grande importância na psicologia dos personagens, como gosto de criar personagens também crio coadjuvantes que para o leitor pode ser alguém sem importância, mas dentro da trama com o personagem dentre os principais que o conhecem tem o seu valor.

Ah! Queriam que matassem quem? O Homem Aranha? É preciso entender que as vezes dependendo do personagem é preciso de um certo “planejamento” para se realizar alguma coisa do gênero sem falar que tramas estavam correndo em paralelo e outros autores precisavam de determinados personagens.

Mas o que levaram eles a criarem uma trama como esta? Por favor esqueçam o dinheiro por um minuto e reflitam. Estávamos em plena era Bush/pós 11 de setembro, as atitudes do presidente em relação com o resto do mundo inspirou muito artistas assim como provavelmente essa história. E como Mark Millar é conhecido por fazer histórias de cunho político/social a oportunidade caiu em suas mãos.

Criar a discussão sobre o registro de heróis já é um mérito, mesmo sendo uma coisa ficcional.

Concluindo, coloquei meu ponto de vista sobre determinada história assim como farei com outras com o passar do tempo. Espero que não tenha incomodado vocês com este texto longo, mas quis ser bem detalhista.

Ah! Invasão Secreta ainda não por completo mas assim que o fizer vou colocar minhas “analises” aqui.

Continuem lendo amigos! (seja gibis ou um livro...)

Um comentário:

  1. Li a guerra civil apenas de passagem, já faz algum tempo que perdi o interesse por essas mega sagas. Entretanto adimito que acho que a premissa dela muito boa. Eu ficaria do lado do Capitão America certo!

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