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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Problemas da criação #26


Anti – protagonismo
Por Rogério DeSouza

No começo, quando queremos fazer uma história em quadrinhos geralmente pensamos em criar um personagem e o mundo ao seu redor. Ele se torna seu símbolo ou uma marca registrada seja de maneira comercial ou autoral.

Mas histórias em quadrinhos podem viver sem personagens?

É claro que sim. Para contar uma história não é necessário ter um protagonista de destaque ou que se sobreponha a tudo que acontece na narrativa.

Tenho notado que muitos artistas tem se encaminhado e pregado nesta forma de pensamento e procurei dar o nome de “anti - protagonismo” (Se houver outro nome para isto me avisem!). Ou seja, valorizar mais a história do que aos personagens.

Segundo vi numa palestra do Gabriel Ba no último Multiverso Comic Con, uma história não precisa de um personagem título para se sustentar, principalmente se você esta começando, tirar um pouco do pensamento de que criando um personagem legal você terá um retorno, tanto de público quanto financeiro, a realidade é muito dura e muito poucos conseguem este objetivo. Se preocupe apenas em fazer a história onde pode haver um protagonista desde que você o torne-o descartável em prol da história.

Um exemplo literário sobre isso é a série de livros “Game of Thrones” ou “Guerra dos Tronos” aqui no Brasil, embora tenham bons e carismáticos personagens eles estão à mercê dos acontecimentos da trama.

Há muito receio de artistas ficarem presos as suas criações, que claro, sempre há aqueles que conseguem conviver com elas.

Will Eisner, criador do Spirit por muito tentou se livrar das amarras de sua criação querendo fazer suas próprias histórias. A solução que ele encontrou foi suprimir a presença do personagem o deixando quase como um figurante nas histórias que ele queria contar, até que finalmente pode por em prática seu trabalho autoral.


O artista brasileiro, Laerte também deixou de lado seus muitos personagens e resolveu fazer tiras de modo original.

Realmente com o tempo uma boa parcela de artistas tenta se desvincular de suas criações para fazer histórias diferenciadas das que costuma fazer sem intenção de comercializar ou popularizar suas histórias. É uma excelente forma para alguém que não tem uma idéia certa do que criar para sua história ou que não queira se apegar a um gênero criativo.

E para quem cria uma demasiada quantidade de personagens como eu, não estou sendo hipócrita, apenas defendo este seguimento como UMA das formas de se criar histórias. Com ou sem personagem título, se a história for boa não faz nenhuma diferença.

Eu faço histórias com personagens, pois este é o modo que escolhi para contar minhas histórias, sejam elas de cunho comercial ou intimista, pouco importa, estou acostumado e posso conviver com isto.

Portanto você tem total liberdade para seguir o caminho que quiser, mas tente ser um pouco despretensioso em seus projetos, pois há uma grande possibilidade que ele não vingue logo de cara.

Mesmo tendo um personagem título você pode fazer outras histórias sem protagonista; basta apenas ter o controle do que você faz sem ter obrigação de fazer histórias com o mesmo personagem.

O “anti protagonismo” nos ensina a dar mais destaque ao fato que esta acontecendo na trama e ao mundo a volta do personagem que sofre de acordo com o que é imposto na história em si, para transmitir a mensagem para o leitor.

Se você quer fazer suas histórias com personagem título, não se recrimine por sua opção, veja exemplos que citei em “Problemas da criação 16- Ação executiva” e vai fundo.

Tudo é questão de contar uma história, não importa como.